MORTE DA MÃE DO BAMBI


A morte da mãe de Bambi é um momento obscuro por excelência. Ela morre no meio do filme, horrivelmente, depois de termos a chance de conhecê-la, depois de a vermos criar Bambi e ensinar-lhe os caminhos da floresta.

Um inverno rigoroso segue um verão escasso, e, um dia, quando estão no prado, ela sente o perigo: há caçadores na floresta.

A mãe pede que Bambi corra sem olhar pra trás. Há estalos de tiros. Quando Bambi chega com segurança ao mato, ele se vira, alegremente dizendo: “Conseguimos, mamãe”. Não há ninguém além dele. Sozinho, neve caindo, ele procura por sua mãe. Ele a chama, mas só há silêncio. Põe tristeza nisso.

PINÓQUIO VIRANDO UM MENINO DE VERDADE


Pinóquio é a história do boneco que se torna um menino de verdade. Porém, até isso acontecer, a história é pura insanidade: ele é sequestrado por vigaristas e obrigado a trabalhar em um teatro de fantoches para não ser jogado no fogo. Daí foge só para ir parar em uma ilha onde meninos “bobos” se transformam em burros (literalmente) e são vendidos para trabalhar nas minas de sal e circos.
Depois de escapar da maldita ilha, ele é engolido por uma baleia gigante que também engoliu Gepeto, seu criador. Eles enfurecem a baleia com seus esforços para escapar, e Pinóquio se sacrifica para salvar Gepeto. A Fada Azul, vendo seu altruísmo, o traz de volta à vida e, finalmente, o transforma em um menino de verdade. O que é isso, Disney?

MULAN E O MENSAGEIRO


Parece um momento obscuro minúsculo em um filme sobre guerra, e devem existir momentos piores, mas esta cena curta em Mulan sempre surpreende com sua crueldade. Dois soldados imperiais são capturados por Shan-Yu, líder Hun, que lhes dá uma mensagem para levar para ao imperador da China. Conforme eles fogem, Shan-Yu pergunta a um dos seus companheiros quantos mensageiros são necessários para entregar uma mensagem. A resposta é “Um”. É impressionante como a vida humana é tratada de modo insignificante entre os dois lados em uma guerra.

COPPER CAÇANDO TOD EM O CÃO E A RAPOSA


No início, O Cão e a Raposa parece um filme encantador sobre a forma como a amizade transcende tudo, mas, em algum lugar no terceiro ato, a história toma uma virada.

O “mestre” (dono) de Copper é atropelado por um trem em um acidente causado por Tod. Copper promete “pegá-lo”. Slade, o dono de Copper, coloca armadilhas, e logo Tod é pego em uma toca com fogo em uma extremidade, e Slade e Copper na outra.

Tod salta através do fogo. Copper o persegue. Eles se chocam, lutando e uivando, todos os vestígios de sua amizade de infância esquecidos. Tod consegue escapar quando um urso negro aparece e Copper corre para defender Slade.

Mas, então, Tod volta. Ele vê seu velho amigo em perigo, e atrai o urso de olhos vermelhos para baixo de uma cachoeira correndo. O final que se segue é surpreendentemente adulto e dolorosamente agridoce. Tod e Copper estão em suas respectivas casas. Uma conversa antiga aparece: “Nós seremos amigos para sempre, não é?”, diz Tod. “Sim”, responde Copper. “Para sempre”.

A FAMÍLIA DESFEITA DE LILO & STITCH


A tristeza de Lilo & Stitch é de um tipo muito diferente de outros momentos sinistros de filmes da Disney, mas ainda significativa.

É um momento sobre a dor de uma família desarticulada, uma família “quebrada” (desfeita), como Lilo diz. Depois de uma visita de uma assistente social, Nani tem de provar que está apta para cuidar de sua irmã mais nova, Lilo. Quando ela ouve Lilo orando por uma estrela cadente por um amigo, decide dar a ela um animal de estimação.

Esse animal acaba por ser um alienígena. Mais desastres acontecem em seguida. A assistente social retorna, dizendo que Nani não é a melhor opção para Lilo. Naquela noite, Stitch, vendo o problema que causou, vai embora. Lilo lhe diz: “Eu vou lembrar de você, eu lembro de todo mundo que vai embora (me deixa)”.

Na sua essência, Lilo & Stitch é sobre a solidão, encontrar um lugar para encaixar, sobre a necessidade de companheirismo e as famílias que criamos. Adulto demais para um filme infantil, não?

A MORTE DE CLAYTON EM TARZAN


Neste ponto do filme, as motivações de Clayton são claras. Ele planeja capturar gorilas e vendê-los na Inglaterra, uma tarefa muito mais fácil com Tarzan fora do caminho.

Clayton atira em Kerchak, uma ferida fatal, e Tarzan vai atrás de um Clayton maníaco ao longo da floresta tropical. Depois de algumas dificuldades, Tarzan consegue apontar a arma de Clayton contra sua garganta.

Clayton desafia Tarzan a matá-lo, dizendo-lhe para ser um homem. Ao invés disso, Tarzan destrói a arma, jogando-a no chão da floresta. Clayton puxa seu facão e segue Tarzan segurando-se em vinhas, mas na tentativa de cortar Tarzan, ele corta a vinha segurando a si mesmo. Clayton corta todas as vinhas, exceto uma contra o seu pescoço. Há uma queda curta e uma parada repentina. Contra um relâmpago, há a sombra de Clayton sem vida, pendurado. Dramático.

MÚSICA “SAVAGES” EM POCAHONTAS


A música entra em uma altura do filme em que os nativos e os colonos estão à beira da guerra. A intensidade de letras como “O que se esperar/Desses pagãos nojentos?/Essa sua maldita raça é como uma maldição/A sua pele é um vermelho meio satânico/Só são bons quando falecem” é incrivelmente cruel para o primeiro filme da Disney que lidou abertamente com o racismo e o imperialismo. Embora esta história tenha um final feliz, ainda há uma obscuridade e urgência neste número de música que é desconhecido em outros filmes da Disney.

MÚSICA “HELLFIRE” DE O CORCUNDA DE NOTRE DAME


Como “Savages”, “Hellfire” é uma canção de vilão que toca em tabus. Em vez de imperialismo, racismo e guerra, no entanto, esses tabus são de sexo, sensualidade e estupro – muitos mais proibidos para a Disney.

O juiz Frollo, tendo acabado de assistir Esmeralda realizar, essencialmente, uma dança exótica (no poste) e, posteriormente, salvar Quasimodo de sua punição, fica excitado e enfurecido por ela em partes iguais, uma combinação assustadora.

Consumido pela luxúria, ele a procura da única maneira que sabe – pedindo-lhe que “escolha entre ele ou a pira”. Letras como “destruir Esmeralda/e deixá-la saborear incêndios do inferno/ou então deixá-la ser minha e só minha” transmitem imagens de furor e religião, em uma canção sobre morte iminente e frustração sexual.

O CALDEIRÃO MÁGICO


Considerado o filme animado mais obscuro da Disney, O Caldeirão Mágico é a história de Taran, um jovem com sonhos de heroísmo que deve encontrar e destruir um caldeirão preto encantado para que o Rei de Chifres não possa usá-lo para levantar um exército de mortos-vivos.

O Caldeirão Mágico foi o primeiro filme da Disney a ser classificado como contendo imagens sombrias e violentas, uma das quais deve ter sido o Rei de Chifres.

Modelado após Satanás em ambos temperamento e aparência, o Rei de Chifres era uma figura do mal implacável. Sob o seu manto escuro, ele não era nada mais que um esqueleto com chifres e brilhantes olhos vermelhos. Complete isso com um assustador castelo em ruínas cheio de cadáveres apodrecidos, um calabouço onde Taran está no início do filme, uma adega úmida onde o Caldeirão nasceu das águas e pronto: como um todo, O Caldeirão Mágico é um filme assustador e profundamente perturbador.

MORTE DE MUFASA EM O REI LEÃO


Um número surpreendente de filmes da Disney têm personagens principais com pais mortos, ou simplesmente “inexistentes”.

Nos primeiros filmes da Disney, suas ausências eram raramente mencionadas e nunca explicadas. Há os pais desaparecidos da Branca de Neve, e as mães ausentes de Bela e Ariel. Em O Rei Leão, Simba tem ambos os pais, mas o momento mais climático de seu pai é sua morte.

Simba ouve que ele é responsável por essa morte. Mas o assassinato de Mufasa é conivente, de coração frio, feito por Scar, seu irmão, que imediatamente faz com que Simba fuja e, posteriormente, manda hienas para matá-lo. No final, a justiça é feita: Scar morre. E, claro, existe o momento ícone de Simba chorando sob seu braço morto.


Até hoje dói em mim quando me lembro do Scar dizendo: "Eu matei Mufasa."